segunda-feira, 13 de abril de 2015

"Solilóquio"



Vida do “solilóquio”
Perdida no desassossego
Da partilha forçada
Que pressupõe uma troca.
Quais as questões a colocar
Para o mundo acalentar
O sentir sem pensar
O pensar a sentir?
Porque vivo eu?
Porque penso eu?
Não há fim conclusivo
Neste local estivo!
Liberto o afecto
Desejável e concrecto
Do ser! Quem sou?
Onde vais? Onde vou?
A lado algum.
Ando sem destino
Perdido, sou nenhum
Vagabundo genuíno.
Lugar não encontrado
Sem posse, sem nada.
Existência do esperado
Sem razão, sem verdade.
Moribundo o profundo
Na catástrofe do ser
A alma deambula
No instante do nascer.
Na guerra vagueio
Enquanto nada planeio
A paz procuro
Neste seio obscuro
Não quero pensar,
Quero apenas cheirar o mar,
Ver o silêncio da onda,
Escutar o espírito que encontra!

terça-feira, 7 de abril de 2015

Quem és tu?

Como defino o indefinido?
Indefinido pressupõe definição!
Definição que não é definida
Tudo acrescenta.

Quem és tu?
Que eterniza o momento
Na solidão de pensamento
Figuras na periferidade
Do centro que não existe
Não é efemeridade
É molécula vivida que persiste.
Sequência de palavras presunçosas
Tendem a aclarar a desordem
Da forma em prol do conteúdo
Dos poros que nos escorrem.

Ofegante respiro o inspirar
Do teu ser que nas minhas mãos agarro!
Nada explico, tudo sinto.
Olhar nos teus olhos
Desfalecidos de volúpia
Mergulho no envolvido
Pele Tua, pele nua,
corpo teu, corpo meu!
À tona subo... depressa vou ao fundo!
Não quero sair da essência,
é a minha penitência.
A calma emanou
no segundo em que te senti!
Ela, puramente profana
no deleito contempla
a alma do dever
da rendição ao viver!